Adeus

Esse é a ultima carta que mando para você neste endereço, meu amigo. Não que nós não nos corresponderemos mais, claro que não é isso, mas não posso mais continuar aqui. Pegaram nossas cartas e usaram contra mim. Pessoas que não sabem o valor da amizade e o que é ter alguém para conversar quando todo resto se afasta, usaram essas cartas para falar que são apenas ‘baboseiras que ela escreve’ e trataram com leviandade.

Todo esse tempo eu confiei em você, meu amigo. Confiei que nunca iríamos ser interpretados de outra maneira, mas fomos.

Eu não escrevo aqui baboseiras. Nunca escrevi. O que existe nessas cartas são os sentimentos de uma pessoa que já passou pelo o que maioria desconhece. Eu só precisava de um ombro amigo e você me deu. Mas com isso recebi também essas pequenas agulhadas e alfinetadas. Todos recebem críticas, é claro, mas rotular uma pessoa pelo o que ela está sofrendo e diminuir seus sentimentos dizendo que aqui é o lugar onde ela escreve aquelas baboseiras não são criticas de alguém que saiba o que passei durante esse pior ano da minha vida.

Eu não sabia como lidar comigo, com minha irmã, com meus pais, com ninguém. Eu transitava de humor com tanta freqüência que eu entrava em pânico. E eu desabafei com você, meu amigo. Mas eram apenas cartas amigáveis, sobre o que acontecia comigo, não rótulos.

Não espero que essas pessoas saibam o que é passar por um câncer, ter sua vida virada de cabeça para baixo e ainda por cima ter que enfrentar seus transtornos, como o meu bipolar. Essas pessoas não sabem e espero que nunca saibam. Elas vão continuar nos seus tronos, julgando os outros em servir e não servir para algo ou alguém, em boas ou ruins e vão rir delas quando não tiver mais ninguém para rotular. Mas sempre vai ter alguém. E eu não serei essa pessoa.

Despeço-me aqui de você, meu fiel amigo. Você foi o melhor do meu pior ano de vida. Espero não ser um adeus, mas só um ‘até breve’.

De sua fiel contadora de histórias,

Rapha

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